sexta-feira, junho 23, 2006

Essa noite, que antecedeu o jogo do Brasil x Japao, pela Copa de 2006 na vida real, sonhei que fui torcer para o jogo do Brasil e havia esquecido o cornetao em casa.
(Que por coincidencia na vida real, eu havia comprado no dia anterior e tocado a beça.)
E no sonho, eu estava muito triste, por nao estar com o cornetao...pois queria assopra-lo muito. E nao seria possivel voltar para casa para busca-lo. De repente, apareceu um menino com 2 cornetoes, um amarelo e outro verde. Pedi para ele deixar eu assoprar uma vez so. So para matar a vontade. E ele do nada, tirou dois cornetoes transparentes e me deu de presente um deles. Fiquei muito feliz e sai assoprando o cornetao no sonho...
Quando acordei, a primeira coisa que fiz, foi pegar meu cornetao real, que certamente eu esqueceria em casa, caso nao fosse o sonho e deixa-la perto da minha bolsa para nao esquece-lo! Foi um aviso! E agora minutos antes dos jogos, estou do lado dele...e escrevendo este sonho no blog

quarta-feira, junho 14, 2006

Ontem

mais precisamente de madrugada
tive um sonho como um fotograma
vi um poema do começo ao meio e fim
completar-se diante de meus olhos adormecidos e atentos
instantâneos de simultaneidades
era um poema acabado inteiro fantástico
montagem de inversões conceituais inusitadas
armando o belo paradoxo que o fechava
tão inesperado quanto simples e correta a sua linguagem
sonhei depois que me acordara
do sonho do poema
quase nada retinha na memória
que sonhada
fugia de esquecer-se estranha num cubículo
mesmo assim tive a vaga
impressão de que no texto corria
a mobilidade dos corpos na terra
o giro da terra no tempo
o tempo fluindo estático no poema
tudo pouco claro e sugerido muito mais mostrado do que dito
não sei por que sinal ali implícito
lembrou-me o nome Galileu para o seu título
tinha entretanto perdido o achado
abatido pela fuga do poema sonhei que adormeci novamente

e novamente sonhei com o poema
nele havia agora uns motivos de juventude e outros encantamentos
sociais
que não estavam - segundo o sonho - no primeiro
dessa vez fui mais profissional nas diligências da ilusão
sonhei que ao despertar fui procurar um lápis e umas pílulas
na falta de papel contentei-me com umas etiquetas de supermercado
picotadas e pequenas como selos escuras e sem brancos
aí anotei o poema que não me escapou nem sequer pelas vírgulas

adormeci feliz tendo ao lado da cama sobre o criado-mudo
o troféu de meus combates com o sono com as formas com a noite com os temas
lá estava enfim domesticado e vivo o poema dos meus sonhos

de manhã quando acordei tinha esquecido todos os poemas.

Carlos Vogt