segunda-feira, maio 26, 2003


O chão xadrez branco e preto, uma cerâmica mal-lavada e nas minhas mãos um vhs (por que um vhs?) de "as ruas de Casablanca". Não era uma locadora de vídeos, e já retirava o meu ingresso das mãos de uma bilheteira inexpressiva. Entrei na sala do cinema, a programação era extensa. Vários filmes consecutivos, não lembro bem quais. Era uma espécie de exibição-arte, clássicos, coisas do gênero. Laranja Mecânica estava na lista. Sentei numa fileira onde só havia mais uma pessoa à minha direita, umas quatro poltronas de distância. Um filme terminara naquele momento. Corri até a cabine de projeção (igual à do cineclube dos meus tempos de universidade) e não sei como achei um aparelho para rodar o título q estava comigo. A qualidade mostrada na tela era de película!!
Sentado novamente na poltrona, curtia com um saco de pipoca a minha interferência na sessão. Decepcionante. A cópia era dublada. Algumas pessoas saíam do cinema. O cara ao meu lado de soslaio, eu era o suspeito número zero. Antes que fosse descoberto, corri para fora e encontrei o projecionista estupefacto olhando através do aquário da cabine. E uma gerente intrigada. E mais uma terceira pessoa q não sabia quem era. Os três me olhavam agora transformados em pontos de interrogação. O mico estava ali. "Fiz merda, né?"
O terceiro ainda foi irônico: "putz, e dublado." É. Acho melhor ir para casa. Acordei envergonhado, mas por não ter assistido ainda "as ruas de Casablanca".
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Sobre a velha polêmica das cores nos sonhos: sim, pelo menos esse era bem colorido, com as extremidades turvas, umas seleções de cores quentes mais estouradas, destacadas entre as penumbras. Muito bonito.

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